top of page

Quem somos

Gerente de banco e jornalista recém-formada, amante de boas histórias e de perspectivas diferentes, apesar de viver rodeada de números e dinheiro alheio. Acho que a vida é um bom retrato que fazemos dela, e depende de nós transformar as vidas em recortes do tempo. Tempo este que corre e é fator determinante no trabalho como jornalista.

Jornalista em formação, gosto de animais e de ajudar o próximo. Acredito que a família é a base de tudo e sou uma pessoa de muita fé em Deus e na na vida! O jornalismo esportivo é minha grande paixão.

Jornalista, social media e completamente apaixonada pela comunicação. Acredito que o mundo precisa de boas novas, e nós jornalistas, somos agentes propagadores dessas boas notícias.

Artes que resgatam a paz

Tem dias que acordo às três da manhã, preocupada com a organização no projeto. Não é fácil, mas é gratificante

Lúcia Martins

Jéssica Castro, Ana Lívia de Brito e Ravena Almeida

É uma história que começa totalmente por acaso. Em meio a uma agenda doméstica, um encontro mudou a vida de duas mulheres para sempre. Num lugar improvável, um açougue, Alice Domenech respondeu a um pedido de uma criança que pedia dinheiro: “Esmola eu não dou, mas queria muito ajudar as crianças dessa comunidade com algum projeto de incentivo à leitura”. 

A resposta chamou atenção de Lúcia Martins e estimulou uma longa conversa entre as duas, que começaram a falar sobre suas vidas e como poderiam contribuir para população daquele bairro. Depois de muita prosa, Alice pegou o número do telefone de Lúcia e ficou de entrar em contato com a mesma.

Lúcia, é paulista, bibliotecária e mãe de três crianças. Na época, tinha acabado de largar a vida corrida para acompanhar o marido que foi transferido para Fortaleza. Aquele momento era de adaptação à nova vida e a proposta de Alice veio num período complicado, porém a vontade de dar início a um projeto como esse era maior que as dificuldades.  

Foram quatro anos de espera, até que o telefone tocou. Era Alice, perguntando se o projeto estaria de pé. Em 1997, elas se uniram para reformar uma velha casa que receberam em doação. O imóvel estava deteriorado. Foi então que começaram o trabalho incansável de captação de recursos e reforma do lugar por mais de um ano para ter as condições mínimas de acolher os pequenos.

O lugar é bem simples e quase passa desapercebido na rua. Precisamos dirigir bem devagar para notar uma casinha apertada no meio de outras casas de alvenaria. Quem nos recebeu foi o professor Naélio, que nos explicou a ausência de Alice (ela estava em consulta médica), e avisou que Lúcia estava para chegar. 

Foi uma hora de espera, mas no primeiro instante do encontro já deu para perceber a imensa vontade e alegria dela de compartilhar sua história. A prosa começou pela rotina, bem pesada: “Tem dias que acordo às três da manhã, preocupada com a organização no projeto. Não é fácil, mas é gratificante”, revela.

A agenda que começa às três da manhã e segue agitada. Tudo em torno do projeto REVARTE – Resgate dos Valores pela Arte, que dá acesso à leitura para crianças que moram na comunidade do Conjunto Alvorada, periferia de Fortaleza que fica entre os bairros Sapiranga, Agua Fria e Alagadiço Novo. 

O projeto tem outras atividades como: violão, artesanato, flauta ou até artes marciais. Nesse diálogo entre as artes, as crianças vão tomando gosto pelo mundo da leitura. O ponto de partida do REVARTE foi a Biblioteca Monteiro Lobato, que desenvolve atividades de empréstimo de livros, pesquisa e contação de histórias. Mas, como muitas crianças chegam sem saber ler e com dificuldade em compreender as palavras, as voluntárias decidiram oferecer reforço escolar. 

Ao longo de 19 anos de projeto, elas acumulam muitas histórias para contar. Casos de sucesso, pessoas que se formaram e ainda hoje ajudam o Revarte a continuar esse trabalho. Uma história que chama atenção é a da pequena Érika Ferreira, que chegou no Revarte aos nove anos, e sempre queria fazer parte de tudo: participava da contação de histórias, poesia, tocava flauta, entrou para o judô e foi aí que seu destino se transformou. Hoje, Erica está com 20 anos, foi campeã pan-americana de judô e faz parte do projeto Resgate – Judô para todos, que é voltado somente para o esporte e atende também crianças da comunidade. 

Para manter essa turma estimulada e trazer sempre uma novidade, Lúcia passa o dia a buscar fontes de financiamento, desde projetos de âmbito nacional, estadual ou até indo pessoalmente pedir apoio às empresas. “Já tentei apoio em tantos projetos, mas é difícil, sabe? Parece que eles só escolhem os mesmos todos os anos, mas não desisto”, relata. 

O projeto só conta com um funcionário, Naélio da Silva, que trabalha todos os dias dando aula de música e reforço escolar. Ele conta que também foi “fruto” de uma associação como esta e se enche de orgulho ao dizer: “Pra mim é ainda mais gratificante saber que eu posso fazer pelos outros o que um dia foi feito por mim”. 

Chegamos ao fim da entrevista com um sentimento de esperança. Vimos que ainda existem pessoas como Lúcia e Alice que vão além da realidade que vivenciamos. Mulheres que fazem a sua parte, sabendo que não podem mudar o mundo, mas podem sim mudar a vida de pessoas por meio da leitura e da imaginação.

Érika Ferreira, judoca e campeã pan-americana

Crianças do projeto em momentos de lazer

Crianças do REVARTE em campeonatos de xadrez

bottom of page